domingo, 22 de julho de 2007

Jump Blues: A origem do Rock!

Em 1890, nas comunidades rurais afro-americanas do sul dos Estados Unidos da América, nasce o Blues na sua forma mais pura e tradicional.
Posteriormente, entre 1930 e 1940, durante os dias negros da II Grande Guerra Mundial, existiu uma gigante migração económica do sul dos EUA para as cidades do norte. Milhões de trabalhadores negros que faziam parte da população rural, migraram para as periferias das grandes cidades em volta do rio Mississipi, para trabalhar em estaleiros e plantações que constantemente nasciam. Naturalmente, eles trouxeram consigo as suas tradições incluindo o Blues. Ganhando mais dinheiro e usufruindo de uma liberdade que nunca haviam experimentado antes, eles se tornaram habitantes urbanos. Mas o seu provinciano e desanimado Blues era muito rural para o seu novo estilo de vida. Assim, os novos habitantes, estavam procurando alguma coisa nova, fresca. É neste momento que o Blues amadurece e evolui para o que é catalogado como Rhythm and Blues.

No meio desta fase, determinados músicos percorreram um caminho paralelo e procuraram uma fusão entre o Blues e os novos e modernos sons ouvidos nos clubes das metrópoles: Bebop e Swing.
Ao mesmo tempo, forçadas a sair da estrada por causa do aumento exponencial dos custos de transporte, muitas big bands estavam se adaptando a bandas menores com 7 ou 8 elementos em vez dos tradicionais 12. Foi com esta nova formação que, uma inspirada e híbrida mistura de Blues, Swing e Jazz deu origem à base do Jump Blues.

Com toda a riqueza e mistura que representa o R&B, havia muito espaço para diferentes formações de banda. Mas normalmente as bandas de Jump Blues eram uma combinação de 5 a 8 instrumentos – baixo clássico, bateria, guitarra, piano, trompetes e como é óbvio uma vocalista super dinâmica e energética. A guitarra eléctrica, que teve um papel tão importante nessa urbanização do Blues, foi relegada apenas para um papel de acompanhamento.
Os grupos menores davam total destaque para solistas que eram na maioria das vezes o sax alto ou o sax tenor.

Entretanto, a América pós II Grande Guerra Mundial viu uma disseminação das performances ao vivo nos programas de rádio, o que passou a ser um novo estado de arte. A radiodifusão, nessa época, era mais popular do que os próprios selos, cd’s e programas de televisão.

Bandas de Jump Blues, da cidade de Kansas até a Califórnia, faziam tremendo sucesso com este novo som. Faziam tournées de uma ponta a outra do país. Ao longo dessas viagens eles criaram novos passos de dança e novos ritmos, fazendo uma enorme legião de fãs e seguidores.

Mas foi o crescimento dos selos independentes que culminou no lançamento de centenas de novos álbuns de Jump Blues. Devido à guerra, o material necessário para produzir os discos de 78 rotações estava muito escasso, então os principais selos diminuíram radicalmente os lançamentos e se concentraram nas bandas clássicas principais e nas mais importantes bandas de Pop. Isso deixou o mercado do R&B aberto para empresários lançarem selos novos independentes.
O Grande centro dos selos do R&B foi a cidade de Los Angeles. Nela, nasceram pequenos selos independentes como a Modern, RPM e Specialty.
Mas o selo mais importante e que mais representou o estilo foi a Atlantic Records.
A Atlantic revelou grandes divas como Ruth Brown e Lavern Baker e também gravou um dos maiores nomes da música americana - o inconfundível Ray Charles.

Subtileza não é uma qualidade evidente das letras do Jump Blues. A maioria fala de coisas do dia-a-dia num tom de atrevimento e ousadia. Sexo, traição, álcool, comida, dinheiro e carros são os temas principais.

Entre 1945 e 1955 o estilo se tornou extremamente popular entre a audiência negra e começou a fazer bastante sucesso entre a audiência branca o que acabou por ser a razão do seu fim.
Em 1955, não se sabia muito bem se o termo Rhythm and Blues podia ser associado a alguma forma particular. Mais apropriado, talvez, ele estava associado à música popular negra que não era direccionada ao público adolescente, distanciando-se assim do novo e emergente Rock and Roll.
Bill Haley e Elvis Presley entraram em cena e transformaram a cena musical em algo mais aceitável para os padrões de uma sociedade branca racista e segregadora.
Alguns músicos do Jump Blues como Big Joe Turner ainda sobreviveram por um tempo na nova cena musical, mas a maioria desapareceu.

Concluindo, o Jump Blues acendeu o rastilho que desencadeou uma enorme revolução e incendiou a criatividade de uma inconformista geração de saxofonistas que produziu uma música agitada, frenética e alucinante.


Big Joe Turner:




Ruth Brown: